BURCA

Lá estava ela, levando os filhos para brincar no parque. O dia estava quente, o verão começava a empurrar a primavera para um canto.
Ela seguia cabisbaixa, com sua indumentária preta, que a cobria da cabeça aos pés, deixando livre apenas os olhos e as mãos.
Foi criada para não reclamar de nada. Somente obedecer.
Depois que mudou para esse país, a vida ficou infinitamente mais leve. Era grata a esse novo lar que acolheu toda sua família.
O calor já se fazia sentir, por todo lugar. E ela toda coberta. Vestia-se assim, desde menina. Aquele traje, era sua segunda pele, já se acostumara a ele.
Sonhos? O fundamentalismo impregnado na alma do seu povo, transformou todos os seus sonhos em pesadelos.


(Imagem: Lenapena - por aqui, eu as vejo por toda parte, cobertas da cabeça aos pés, só lhes sobra a descoberto as mãos e os olhos)
 
Lenapena
Enviado por Lenapena em 16/06/2014
Reeditado em 16/06/2014
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