A televisão

Em frente ao empório uma rua de pedras castiga uma carroça sem pressa. o cachorro dorme tranquilo apesar das órbitas de mosquitos. Três cadeiras: um cortando o fumo com canivete cego, outro tossindo a medida de cachaça enquanto ramirez embaralha as cartas para um carteado o qual ninguém vai jogar: é decretado o fim da humanidade. Os salames ainda verdes, pendurados: abençoados sejam os porcos do benedito, bem aventurados sejam, e que o senhor jesus cristo nos salve desse marasmo.

Apressado sobre as sandálias ele atravessou a estrada, fingiu descaso mas tinha mesmo a esperança de ser provocado: "venha até aqui Salvatore, conta pra gente uma mentira". não parou, pediu desculpas pela pressa e falou: "não posso, tenho que achar o meu canário que fugiu com gaiola e tudo!" riram, quase aplaudiram, como é que ele consegue? ah se o povo da televisão descobre ele, ficaríamos famosos!

daniel mafra
Enviado por daniel mafra em 15/06/2014
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