o garimpeiro
o pai lhe ensinou o ofício da barbearia, o avô a obsessão da numismática: herdou deste toda uma coleção secular de moedas sujas e fossilizadas a qual não se decidiu se não era aquilo mais uma maldição do que propriamente um presente. Certo dia um cliente sorriu após pagar pela barba aparada, e no canto superior da boca reluzia um canino dourado o qual iluminou a sua inspiração: iria comprar dentes de ouro. arquitetou um plano mirabolante. Compraria barato e venderia pelo preço do dia, bastava um pouco de ciência e ácido muriático para concentrar valiosas peças de ouro 24. Fez fortuna mas sempre em silêncio. nunca trocou o fusca 76 e a casa era o mesmo sobrado de quintal de britas. Naquela manhã um fazendeiro lhe ofereceu uma quantia irrecusável pela coleção de moeda: era só o que faltava! vendeu. Semanas depois fechou a barbearia e sumiu da noite pro dia com a mulher do delegado. Em terra de cego quem tem olho é rei, e naquelas redondezas, muitos cegos tornaram-se também banguelas