Veronica (o monólogo)
Verônica, me perdoa o horário, eu sei que é tarde para telefonemas, mas é que a saudade esta me matando. eu sei que é tarde, não só pela madrugada, mas é tarde também para desculpas, afinal deixei passar 10 anos. Reconheço cada erro, cada vacilo, eu sei, agora esta casada, tem filhos, o marido deve estar perguntado quem é a uma hora dessas, peça para ele retornar ao sono, eu preciso de você embora já não somos um do outro faz tanto tempo. ainda guardo comigo o seu cheiro, outro dia lhe vigiei de longe num posto de gasolina, de tocaia, não me notou, estava com as crianças.
mas o pior, o pior mesmo verônica, é a coragem, ela faltou, não lhe disse uma só palavra, ensaie o discurso para um telefone publico o qual nem encostei a mão (pelo menos não trouxe nenhum papel com anotação, veio tudo de repente). bom veronica, fica com Deus, eu te amo, a minha maior prova disso é nunca ter feito esse telefonema. a propósito, é tarde, teve um apagão aqui na rua e é bom eu ir embora, ficou tudo escuro de repente