hermético

Ele acordou assustado enquanto retornava de pesadelos impensáveis. Os olhos pesavam sonolentos num inesperado breu impossível de desacortinar. sentia-se suado e amarrado num pijama cujo tecido não era exatamente algodão e sobre o qual suas mãos dormentes uniam-se sobre a barriga. Nada enxergava uma vez imerso em tão pura escuridão. sua consciência foi aos poucos se restabelecendo embora tivesse dificuldade para lembrar a que horas foi dormir. aos poucos foi descobrindo veredas dilatadas de dor percorrendo seu corpo das costas aos pés criando valas de desconforto e por fim não tardou por desejar um balsâmico espreguiçar ,pois o torpor do sono já se ia embora aos poucos feito o rugir de um trem que se distancia, foi quando então descobriu que ali não era sua cama e muito menos o seu quarto.Por reflexo tentou se levantar naquelas trevas sufocantes e logo descobriu, centímetros da sua testa, uma parede invisível e som de madeira. os cotovelos também arriscaram seus movimentos mas não tardaram a provar da mesma prisão. difícil dizer em que seqüência chegaram as duvidas e a sensação de estranheza. as mãos já restabelecidas do torpor foram desbravando na escuridão as formas e a conclusão inevitável era a prisão exígua e escura aonde estava confinado. o que eram duvidas e estranheza transmutou-se aos poucos em medo: aonde estou?

o silencio também comprimia mas algo era possível de se ouvir distante. concentrou sua atenção e suas forças para ouvir aquela fala longínqua, como um rádio ruidoso quase sem som. ouviu sussurros, alguém discursava solene e muitos choravam. então gritou com força:não! eu estou aqui! socorro, por favor!! sentiu um arrepio forte e frio por toda a espinha, contraiu o rosto, desesperado trouxe as mãos em um gesto instintivo até peito e ali, através do tato, encontrou uma sufocante gravata que apertava o pescoço,chorou o desespero em vão, se debateu por horas até o cansaço por que descobriu aonde estava então