Voo solitário

O alto-falante anunciou seu voo. Véspera de Natal, sozinha embarcando para Paris, deixando para trás tudo aquilo que tentava ignorar e imaginar que não lhe dizia respeito. Deixara os problemas herdados, as brigas em família que tentava resolver a seu modo... fugindo.

Sentada em sua poltrona de primeira classe, sentiu-se terrivelmente só. Sentiu-se como a própria negação de si mesma. Tentou pensar no namorado que a esperava. Tinha depositado todas suas esperanças nele. Mentira sua idade, tirara uns bons anos... Imaginava que os procedimentos estéticos a que se submetera fariam da mentira uma verdade... Sabia, porém que ele era um tipo de homem que pensava mais no proveito de uma carteira recheada do que em rugas... Era tudo o que tinha... Nada!