A primeira noite

Nossa primeira manhã na fazenda encontrou o quarto mudado. A cama parecia uma desordem, campo de batalha, lençol em trouxa, travesseiro no chão. Viramos um só, e durante anos era assim que as manhãs nos encontravam. A cunhã que arrumava a casa não punha censura nem fazia reparo, para ela bastava ver seu menino de vela solta, navegando longe em mar de alegria, minha bússola a minha mulher. Naquele navegar, filho, cabeça minha não tinha tino para lembrar que todo mar, existido ou imaginado, já sofreu castigo de tempestade.

Alexandre Anastasia
Enviado por Alexandre Anastasia em 07/12/2013
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