Pé de quê?
Coloquei meu pé pra fora, naquele pé-d'água danado, só para ver em que pé estava a florescência do meu pé de jabuticaba. Foi quando eu senti o cheiro delicioso do pé-de-moleque que minha vizinha estava fazendo. Esse aroma me trouxe lembranças tão doces da infância, das histórias sem pé nem cabeça que contávamos, de quando fugíamos do sono até não aguentarmos mais ficar em pé. Lembrei até daquela coceira mais que gostosa que dava, por causa dos bichos-de-pé, que, volta e meia, pegávamos no galinheiro da vó Ny. Eita que tempo bom, em que eu acreditava que pé-de-coelho dava sorte e que pé-de-cabra era ferramenta de fundamental importância.
Na piscina, minha mãe sempre dizia: só fique onde dá pé. Quando me mandava fazer algo na rua, orientava: vá num pé e volte no outro. E nesse devaneio passei alguns minutos, mas me assustei com o barulho do Polaco, que estava consertando o pé da mesa. E fui tomar meu café, que estava mais frio, que num dia de frio, o meu pé!