Cismas

Saiu de casa pela manhã. Estava decidida. Poria fim àquela relação que já durara demais. O relacionamento havia começado de forma nada convencional. Conhecera-o, por acaso, numa loja de conveniências. Fora comprar cigarros, naquela época ainda fumava, e a caixa não tinha troco. Ele estava atrás dela esperando por sua vez para pagar. Mostrava contrariedade por tanta demora e censurara seu vício: dissera-lhe que faria muito bem se parasse de fumar... Falou algumas palavras firmes, mas pagou o maço de cigarros para ela. Apesar da situação, seus olhos se encontraram e telefones foram trocados. No início, muito recato e cuidado, depois o descobrimento daquela paixão intensa que tomava conta de ambos sem limites materiais. Como tudo pudera arrefecer daquela maneira? Ciúmes da parte dela. Cismava com todas as mulheres que dele se aproximavam, até mesmo de eventuais garçonetes, quando almoçavam fora. Tentava controlar-se, mas não conseguia. Tudo ficou pior quando cismou com uma amiga de uma das redes sociais que empesteiam a internet... Naquela manhã, depois de ver um comentário a uma postagem de seu amor, não resistira. Pegara sua bolsa, seus saltos, maquiara-se demoradamente. Sua aparência era ótima, a não ser pelos olhos frios e raivosos que destacara com cores dramáticas...

Em cinco minutos, estava lá. Entrou, tinha a chave. Encontrou-o na cama, dormindo. Sentou-se ao seu lado. Ele abriu seus pequenos olhos e deu com ela ali. Sorriu-lhe, abriu os braços e envolveu-a com ternura. Todas as suas decisões foram por terra... Entregou-se com volúpia à sua paixão.