Farinha pouca, meu pirão primeiro
Levava uma vida simples aquela mulher discreta e ponderada. O casamento, como tantos outros, ia indo. Indo até que descobriu que o marido montava uma casa para a amante. Como era da sua índole, não fez estardalhaço. Tomou um banho, vestiu sua melhor roupa e foi às compras. Fogão novo, móveis novos e bons, louças e cristais finos, tudo no crediário. O dia tinha sido longo, mas ainda não tinha terminado. Olhou um endereço num papel tirado da bolsa e caminhou decidida ao ônibus que a levaria até lá. Não demorou muito e avistou os dois, marido e amante. Com uma calma irritante caminhou até os dois que nem tiveram tempo para se surpreenderem e desceu o braço na amante, uma duas, três vezes e em seguida sacou da bolsa os carnês dos crediários e entregou ao marido e se afastou sem dizer palavra. O marido chegou bem mais tarde e não ousou quebrar o silêncio.... mas, quitou os carnês, mês a mês.