UM CONTO DE PONTO SEM FADAS

O ônibus parou no ponto. Um bife ao ponto está fora do ponto. Mas o leitor está no ponto de nessa história embarcar. Quem conta um conto aumenta um ponto. E esse ponto é o que faz o conto jamais acabar. Porque depois de um ponto vem sempre outro ponto. E assim o leitor fica tonto. E o conto não conto porque só sei descontar. Ponto por ponto, costuro e pesponto. Mas dê um desconto pro meu desaponto de não saber costurar. Sei pontuar, apontar, talvez poetar. Aponto para o ponto onde a estrela faz de conta que tem mais de seis pontas. Muitos pontos a brilhar. Mas só sabe quem conta. E, noutro ponto, o sol todo pronto, com certeza, vai despontar. E se desponta não há mais ponto nem ponta. Quem se importa, quem faz conta? Eu faço de conta e ouso inventar. Aí, só resta ao conto acabar, pois o leitor dormiu no ponto e perdeu o ônibus que acabou de passar. Mas, e o bife? Ah, o bife estava mal passado e fora do ponto. Aí, amigo, nada mais te conto. Passemos a outro ponto. Pois há muitos pontos dentro de um conto para que se tenha, apenas, um só jeito de contar. Desculpe-me se o desaponto. Ponto final.

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Dedico este texto ao poeta cordelista paraibano Tiago Duarte, que me inspirou este conto a partir de um poema dele, publicado aqui no Recanto das Letras.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/4481474

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INTERAÇÃO

Se fosse no tempo de conto de réis,

teu conto valeria mais que um milhão.

Gostei "De um conto de ponto sem fadas".

Quem lê este conto jamais se enfada.

Guardarei o mesmo no meu coração.

(TIAGO DUARTE)

Valeu, amigão!!!

José de Castro
Enviado por José de Castro em 15/09/2013
Reeditado em 04/07/2015
Código do texto: T4482128
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