E O TELEFONE NÃO TOCOU...
Ele tinha certeza, queria falar com ela. Sabia que seria uma surpresa agradável pra ela, ouvir sua voz. Tanta coisa já tinha dito, só em poesia.
Faltava a sensação de ouvir e se fazer ouvir.
Já tinha tentado ligar outras vezes e desistia, como um menino tímido achava que travaria, não saberia o que dizer depois do "alô"?
Será que estaria acorrentado a falar sempre em poesia.
Tomou a decisão, e decidido pensou: "também quero ouvi-la".
Pegou o telefone e discou.
Começou a ouvir o barulho da chamada. Uma sensação estranha tomava conta do seu corpo.
Não desligaria. O som da chamada foi ficando mais alto, e mais alto.
-Pai... Pai... que sono! Não está ouvindo o despertador.
Olhou ao redor. O som do telefone ainda ecoava na sua cabeça.
-Pai? Tou atrasada, você me deixa no meu trabalho?
E a realidade voltou.
Escreveria mais uma poesia.