O vaso

Apenas um vaso de flores na mesa da sala de jantar. Estava ali há quase duas décadas, enfeitando a sala com as cintilações de seu cristal bem lapidado. Tinha vindo de longe para agradar o casal que acabara de se casar. Fora presente de um parente distante. Todas as semanas, recebia as cores de flores bem escolhidas, que o adornavam com sua beleza e suavidade.

Naquela tarde, porém, os ares da casa estavam carregados. O casal começara uma discussão acalorada por motivo sério. Ela, delituosa, descompusera-se em um choro dorido, chegando, em certos momentos, às raias da histeria. Ele, sentindo-se desonrado, agredia os objetos à sua volta. Foi, então, que viu, ali, bem no centro da mesa, o majestoso vaso de tantos anos. Talvez por representar o casamento, que agora se via ameaçado, ou por um simples arroubo incontido, despedaçou-o, atirando-o contra a parede. Transformara-o em fragmentos e pó. Tudo parecia acabar da mesma forma.