Um Estranho na Madrugada

Olhei para o canto da sala, assustada. Tinha acabado de acordar e minha visão ainda estava turva, mas pude perceber sua silhueta na escuridão.

- Quem é você? - perguntei, puxando a coberta até o pescoço. Minhas mãos tremiam.

O estranho nada disse, nem ao menos se moveu. Forcei os olhos em sua direção, tentando reconhecê-lo, mas mal conseguia ter certeza se aquilo era real.

Uma fração de segundo depois, ele desapareceu. O quarto mal-cheiroso e velho de hotel voltou a ser o que realmente era: o pior refúgio do mundo, o reflexo de minhas escolhas.

Respirei aliviada e fechei os olhos. Aquela silhueta que me assombrava todas as noites também era minha única companhia. Desejei secretamente que não demorasse a voltar.