Ítaca , Jornada dos Apaixonados, Sempre

No caminho Da Manhã seguia-a O Hoje, O Ontem e O Amanhã. Tão bem acompanhada, A Manhã, se sentia segura, pois eram seus todos aqueles tempos.

Sendo um presente, o outro era promessa, enquanto aquele que mais se apegava A Manhã, O Ontem, caminhava tão rente, que nesta estava contido. Era sua fraqueza e sua força, era seu apego e seu xodó...
Assim A Manhã falava:
_ Ai não passo sem ti, meu Ontem amor supremo, tão, tão querido. Sendo meu Ontem, estarás comigo no Amanhã, e ainda me norteias O Hoje, és tão pleno que te faço eterno em tantos agoras, em tantos 'se's e enquantos. E nessas esperas, intervalares, a esperança alimenta sonhos, desejo que espera o mais, na nobreza que só o poema vivido pode espelhar, não por prometer, mas simplesmente sentir que existirão mais e mais manhãs no meu caminhar. Abraça-me, diz ainda, A Manhã para O Ontem, já começa a esfriar.

Enquanto O Ontem correndo àquele abraço lhe diz:
_ Não importa o frio, nem a tempestade de nossa Odisseia, esta jornada nos levará para casa. A casa que queremos voltar já está dentro de nós e nesta busca não serão precisos muitos passos mais além. Sossegas que eu te manterei aquecida, até Ítaca e de lá imaginaremos outras jornadas, e teremos tantas voltas para casa quantas te apetecer imaginar...

Enquanto isso, A Manhã toda feliz pensava, no aconchego do Ontem: É muito bom ter para onde voltar, vamos para casa. E pensar que sempre estivemos tão perto...
In: Contos do Absurdo 'Ítaca , Jornada dos Apaixonados, Sempre’ Contos do Absurdo de Ibernise.
Barcelos (Portugal), 23NOV2012
Ibernise
Enviado por Ibernise em 12/06/2013
Reeditado em 12/06/2013
Código do texto: T4338510
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