Asas
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Admirava o horizonte, da janela entreaberta, no segundo pavimento. De repente, surge lindo gatinho azul, de asas brancas, olhos verdes e unhas aparadinhas... Ele pousa e me olha, solidário. Levantei-me, apressadamente, na ânsia de pegá-lo, mas ele, sem dar adeus, voou, levando meus sonhos. Fiquei triste e quis chorar. No auge da minha lamentação, ele retorna e me confidencia:
"De que me adiantariam as asas estando no claustro?".
Minhas lágrimas foram a resposta.
Ele me lambeu a face, matou a sede e novamente partiu – dessa vez para nunca mais voltar.