Uma rosa

Estendera a ela a rosa que trouxera da rua. Não a comprara, pois não havia dinheiro para isso, tirara-a do jardim de uma casa das proximidades, sem que ninguém o visse fazê-lo.

Ela, panelas no fogão, crianças na cama e muitas costuras para entregar no dia seguinte, erguera os olhos do tecido que alinhavava e olhara para ele e para a flor num misto de ternura e tristeza. Não era preciso que ele lhe dissesse nada. Sabia que sua busca havia sido infrutífera. Os tempos eram difíceis e ele não era um homem de muita coragem para enfrentar as adversidades que ora viviam.

Ela tornou a olhá-lo, mas desta vez com reprovação. Baixou os olhos, novamente, para seu trabalho, deixando-o com a mão pateticamente estendida no ar. Precisavam do dinheiro para pagar o aluguel... Uma rosa, nada mais que uma rosa.