O voo
Era frágil e delicada como uma avezinha ainda emplumando-se. Seu corpo, pequeno e fraco, não aguentava , ainda, o peso das asas que possibilitariam seu voo.
Escondera-se, por anos, dentro de sua gaiola dourada e impecável. Resguardara-se do mundo, das paixões, das emoções fortes. Parecia que tudo poderia quebrá-la, rompê-la em seu interior.
Mas, eis que era chegado o dia. Seu momento viera. O mundo, lá fora, aguardava, voraz, para devorá-la, para seduzi-la, para subvertê-la.
Arrumou as asas, recém emplumadas, arrepiou-se e lá se foi... Desta vez não abortaria seu voo.