Em família
As crianças presenciaram a cena.
O pai chegara e as mandara para o quarto. A conversa era entre ele e a esposa. Estava trêmulo.
Obtivera as provas de que necessitava para desmascará-la.
Estava ali, na sua frente, paralisada, olhando-o. Seus olhos assustados davam nota de que sabia o que ele iria lhe dizer. Não ousava balbuciar uma única sílaba. Conteve-se esperando.
Ele chegou mais perto, olhou no fundo daqueles olhos que tanto amara. Olhos de água, de céu, de mar, de sentimento. Fixou-se em sua boca, pequena e macia, que tantas vezes beijara com paixão. Pôs suas pesadas mãos em suas orelhas pequenas, brancas e suaves.
Percebendo sua fraqueza momentânea, antes que ele lhe dissesse algo, roçou seus lábios nos dele, como sempre fizera. O toque suave despertou-o de sua ira. O contato macio das mãos dela em seu peito cabeludo...
Não valia a pena... Nada valia a pena...