A Fera
Preparou-se de frente ao espelho. Olhos, rosto e lábios. Cabelos fartos. Volumosos. Juba ensolarada. Uma fera indo caçar. Uma leoa passeia no passeio de pedras. Vai pra lá e pra cá. Um carro. Uma Buzina. Ela se aproxima. Conversa na janela. Risos. Mãos pelo cabelo. Risos. Mãos na cintura. Risos. Porta aberta, ela entra e senta. O carro se movimenta. Lugar abandonado, silencioso, macabro. Ela se despe enquanto ele olha enternecido, sedento, faminto. Desnuda, ela se deita e ele se deleita. O primeiro naco foi tirado da maçã do rosto. Sua dor ruge, seu sangue cor de batom escorre pelas faces pintadas. Foi devorada em cinco minutos. Seus restos foram jogados sob a luz cheia do luar. Uivos.