Exageradamente

O sol nem bem nascera e ela já estava saindo, como todos os dias.

Havia algo diferente no ar. Acordara com um nó na garganta, algo inexplicável. Um sentimento de perda misturado a uma emoção boa, mas que em sua composição deixavam-na sentir-se diferente, esquisita.

Entrou no carro, olhou-se no pequeno espelho retrovisor. Havia pintado os olhos exageradamente, exatamente como seus sentimentos. Ligou o rádio. Uma música romântica e melancólica fez-se ouvir. Acionou a ignição e pisou fundo no acelerador, como se quisesse transmitir ao veículo todo o sentir do momento. Lá se foi pela vida: olhos borrados, música alta e velocidade intensa. Tentava esquecer e lembrar-se de si mesma.