Relógio Cinzento

Tique, taque.

Enquanto artistas salvam o mundo em quatro minutos ou escovam os dentes com whisky ao som desse relógio nefasto, sinto-me impotente.

Sentado no chão gelado, suando incessantemente aos 40ºC maringaenses, sem esperança. Acabou, mas continua. Como se vivesse numa espécie de purgatório, sabe? Parece que a vida acabou e tô só esperando alguma coisa acontecer, sofrer eternamente pelos meus pecados ou ser confortado nas asas de um anjo pela minha loucura.

Tique, taque.

Maldito aparelho enlouquecedor, por que fica contando uma coisa que não existe? O tempo já acabou, fim, não tem mais o que contar. Vejo relógios contando, pessoas-relógio girando e cantando como o por do sol é lindo com seus 4 tons de cores diferentes. Vejo preto-e-branco.

Fico assim até o tão odiado marcar o horário do cloridrato de bupropiona, uma volta no ponteiro feliz. Depois volto ao cinza costumeiro. Cinzismos de minha parte.a