MENINO ESTÁTUA

Na beira da rodovia movimentada o menino prateado ignora a favela a poucos metros, sob um calor de quarenta graus ele fita, hipnotizado, as moedas prateadas de baixo valor dentro da lata. O sol forte reflete nas moedas e na tinta prateada que cobre seu corpo... e ele pensa que talvez sua vida valha menos que aquele dinheiro.

Quando o sol baixa no horizonte o garoto desce o beco com sua bicicleta prateada de pneu murcho. Em frente ao portão prateado, observa o rapaz portando uma pistola automática também prateada, deposita seus valores na mão do individuo e segue noite adentro, segurando forte sua pequena encomenda envolta em papel prateado.

Recostado na cerca de madeira podre o garoto prateado admira, hipnotizado, o brilho da pedra amarelada e pensa, enquanto acende um cachimbo prateado,... talvez sua vida valha, mesmo, menos que tudo.

Eliane Verica
Enviado por Eliane Verica em 28/11/2012
Reeditado em 29/11/2012
Código do texto: T4009712
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