MENINO ESTÁTUA
Na beira da rodovia movimentada o menino prateado ignora a favela a poucos metros, sob um calor de quarenta graus ele fita, hipnotizado, as moedas prateadas de baixo valor dentro da lata. O sol forte reflete nas moedas e na tinta prateada que cobre seu corpo... e ele pensa que talvez sua vida valha menos que aquele dinheiro.
Quando o sol baixa no horizonte o garoto desce o beco com sua bicicleta prateada de pneu murcho. Em frente ao portão prateado, observa o rapaz portando uma pistola automática também prateada, deposita seus valores na mão do individuo e segue noite adentro, segurando forte sua pequena encomenda envolta em papel prateado.
Recostado na cerca de madeira podre o garoto prateado admira, hipnotizado, o brilho da pedra amarelada e pensa, enquanto acende um cachimbo prateado,... talvez sua vida valha, mesmo, menos que tudo.