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     Um dia quando eu era criança, vovô Joãozinho me contou que vinha da roça e viu uma tamanduá-bandeira com seu filhote nas costas e certamente seu ninho ficava no bambuzal do corguinho.
     
    Bastou isso para me deixar assanhadíssima. Já antevia um tamanduazinho de estimação ali brincando com os meus cães e gatos, dormindo todos juntos debaixo do fogão a lenha no meio das palhas.
     
   -Qui ocêis acha de nóis pegá um fiotim de tamanduá pra nóis? –falei entusiasmada para as outras crianças.
       
      -Bão dimais! Ninguém aqui na roça tem tamanduá em casa.
     
      -Vai vim gente da cidade só pa vê!

       -A vó vai gostá! Ele pode cumê as furmiga qui corta as rosêra!
       
        Aprontamos tudo às escondidas.
     
      Saímos cedinho andando pasto afora em direção à moita de bambu. Dois irmãos menores, uma prima, o filho de um vizinho e eu. Todos com menos de nove anos.
     
     O sol já estava quente quando paramos para merendar  sentados  à sombra de um jatobá. Mais uma hora de caminhada e avistamos o provável local do ninho.
     
       Era um lugar muito fresquinho. As  folhas douradas do bambuzal se   esparramavam  no chão. Como era gostoso pisar e andar ali! Procuramos e pouco depois lá estava ele. Uma fofura de filhote!
   
       Peguei o animalzinho no colo como se fosse de pelúcia. Todos queriámos brincar com o bichinho e nem notamos quando uma enorme tamanduá, certamente a mãe dele, descia enfurecida o morro de lá do riacho, vindo em nossa direção.
   
        Num piscar de olhos meu avô chegou e rapidamente levantou os dois netos menores nos braços e nos mandou correr, apontando a mãe do nosso “brinquedo” a se aproximar  com as garras afiadas.
     
      Acho que nunca vi o vovô  tão assustado e nunca ouvimos dele um sermão tão comprido que nem o daquele dia.



  
                        
                                    Foto de um tamanduá aqui da Serra da Canastra

                                              Nota

Os Tamanduás não são animais domésticos.
Os tamanduás podem subir em árvores e nadar. São cautelosos e solitários. Defendem-se com as garras das patas dianteiras. Seu alimento principal são  formigas e cupins.

Na primavera a fêmea dá a luz a um filhote e o carrega nas costas até um ano de idade.
Infelizmente os tamanduás estão condenados à extinção, devido às queimadas e incêndios nos parques e cerrados, aos agrotóxicos que matam as formigas e os envenenam, também são mortos a tiros ou atropelados.

Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 03/11/2012
Reeditado em 03/11/2012
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