Dó
Cabisbaixo pela rua, ele andava. Alheio aos acontecimentos ao seu redor, ele andava. Perdido em pensamentos, ele andava. Pessoas passavam por ele, mas ele não as via. Nem elas o viam. Pois era um fantasma. Um ser insignificante. Um ser solitário.
Um homem. Ou um animal?
Era um homem ferido. Ferido no coração.
Incompreendido. Não correspondido. Insignificante.
Mais tarde, ao pular em frente ao trem, não causou espanto. Não houve choros nem lamúrias, nem pesares. A vida seguiu, normal, como era antes. O mundo perdeu um homem ferido, mas ele não importava. Seu corpo se estatelou. Sua alma subiu ao céu ou desceu ao inferno. Mas nem ligou.
Porque ele era insignificante.