NA MOSCA!

Quando eu estava no Exército, um colega de farda, soldado de meu esquadrão, revelou-se logo um exímio atirador. Já na primeira aula de tiro, ele acertou na mosca as cinco balas que lhe foram dadas, para o exercício com o fuzil. Na hora, foi elogiado pelo instrutor de tiro. Dias depois, foi elogiado oficialmente perante o esquadrão, quando foram lidas as ocorrências da semana.

Passados mais alguns dias, lá estávamos nós de novo no campo da linha de tiro, para outra sessão de tiro ao alvo. Cada qual com seu fuzil na mão, esperávamos o sargento, que logo viria.

Foi quando, adiante de nós uns cinquenta metros, pousou no chão um quero-quero, ave essa muito comum em terras do Rio Grande do Sul. O camarada viu a ave, levou a arma ao ombro e fez a pontaria. Eu e todos os demais achamos que era brincadeira, que ele não iria atirar. Mas disparou, e acertou em cheio na ave; tiro e queda, para o espanto de todos nós.

Mas pensam que ele foi elogiado desta vez? Que nada! Atirar sem motivo e sem autorização é transgressão grave. Foi punido com quatro dias de cadeia.

Pois é, tem gente que, sendo bom numa coisa, acha que é o tal e pode fazer o que bem entender.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 28/10/2012
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