FOI VER O MAR...
 
 
Despertou como sempre, apreensiva, inquieta, insegura... Abriu a janela do quarto que nada de novo lhe mostrava. Onde encontrar a tão almejada felicidade que, segundo ela, estava na paz de espírito que há muito não via? Questionava-se sempre... Mas ela não sabia!
 
Conversou com os pássaros que cantavam em seu jardim, deu bom dia à natureza e deixou que seus passos incertos a levassem para onde quer que fosse. Nada pensava... Apenas seguia...
 
A sua frente, descortinava-se a imensidão do mar, bravio, poderoso, senhor de si. Este sim lhe usurpava todos os sentimentos que fragilizavam sua alma. Acomodou-se naquela passagem escondida no meio das ondas que lhe permitia observar toda a magnificência da natureza até onde seus olhos alcançavam. E era pouco, muito pouco... Grande era o mar!
 
Despiu-se de qualquer pensamento e de suas roupas. Queria estar nua para dele. Inclinou a cabeça como uma humilde serva diante de seu rei, cerrou os olhos e aspirou todo aquele perfume que exalava do fundo do mar. Agora sim ela se sentia poderosa, mais próxima de Deus e dona do mundo! Não saberia precisar quanto tempo permaneceu ali, perdida em seus devaneios, alimentando-se da força que aquele lugar lhe preporcionava. Um dia, um ano? Talvez, infinitamente...

 
 
(Milla Pereira)