Amparo

Com a vista embriagada do que lhe ofereciam, sentia-se a sobra pelas sombras da idade. Suas banhas negavam os centavos como quem se enfastia com o ofício perecível. Na calçada, um pastor atirava ofensas cuspidas em aforismos plásticos, artificiais, cheios de palavras mudas e capetas vagos como o terno de terceira. Os seios bambos lançavam convites inúteis a uma plateia surda e resignadamente irônica. Um homem jovem e sóbrio abraçou-a amável, puxou-a calmamente por entre as mesas, conduzindo-a quase paterno por entre as linhas tortas das ruas sujas. De manhã, deitada, coberta e intacta, soube ter ido embora só.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 29/09/2012
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