MIRAGEM NORDESTINA
Seca. Calor inclemente descendo em bicas pelas pontas dos cabelos, enfiando-se pelos cós das calças. Sede oca na boca, língua de papagaio. Ela entra na choupana, cabaça na cabeça, metida num vestido de chita pregado no corpo pelo suor definindo seus calombos de carnes frontais e costais. Eu e meus irmãos com olhos cozidos acompanham aquela modelagem feita de barro preto, escultura da natureza. Nossos gogós subiam e desciam, engolindo em seco, a boca cheia d’água.