ESPREITANDO A NATUREZA
Todo o dia ela passava em frente ao meu barraco metida numa blusa curta de algodão florida, sem mangas; calcada num short jeans colado realçando o rebolado de suas nádegas tentando se ajustar a anatomia natural do seu corpo.
Religiosamente, à tardinha, quando a natureza começava a ensanguentar o horizonte, ela surgia correndo em direção ao olho d’água carregando um pote de argila enlaçado pelo braço prendendo-o ao seu corpo, para depois voltar pisando macio, rebolando em slow-motion, equilibrando-o sobre a cabeça, derramando água pela boca forrada de folhas de mororó, molhando-a da cabeça aos pés.
Da janela de minha choça, espectador privilegiado, eu era uma testemunha viva de uma das maravilhas da natureza. Com o olhar esgazeado preso àquele corpo moreno úmido, eu via o desassossego de seus pequenos seios sob a blusa ensopada; duas peras “de vez” tentando fugir, pinicando o tecido com seus talinhos arrebitados.