Epifanias da sala de estar
A brisa que atravessou a fresta da porta acariciava a sola dos pés, chamando-o para cair na noite. As luzes que escapuliam pela janela reiteravam o convite. Eremitas hoje são heróis em extinção.
O corpo jazia perto do pé da cadeira, velado por uma formiga solitária. Foi um grande inseto, pensava ela.
Outro corpo corta a escuridão. Uma mariposa. E o homem acredita que é o único que procura a luz.
A luz ao fundo. A sombra plasmando o ambiente. Ainda pode-se ver a poeira flutuando, como pequeninas estrelas no espaço. Faz pensar. Quantos universos não caberiam em uma sala?
Aproveitar o pouco de luz para inventar coisas no papel. Transformar a solidão em letras: que truque trabalhoso!