1856

Fazenda desse tamanho, mundão de café, cabeça de gado, casarão potentoso, janela que mistura com porta e um vazio no meu peito solitário. Vestido francês, boneca do Porto, jogo árabe, nada disso esquenta minha barriguinha fria. Só acredito em alegria compartilhada. Toda noite fugia pra senzala atrás de Aidoo, único que me entendia. Não me atirava o olhar de ódio e nem eu devolvia o de remorso, remorso absolvido, inocente, vencido e inerte. Naquela noite, voltei pro casarão contente, até contei pra mamãe no jantar que o pé de mexerica já devia de estar carregado. Tinha sentido o cheiro no Aidoo. De manhã, acordei assustada com os gritos de dor.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 04/08/2012
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