A ANCIÃ

Rua deserta, vento suave varrendo as folhas secas. Pela janela eu vejo uma figura magra, baixa estatura e longos cabelos grisalhos, solitárias em uma velha casa de paredes encardidas... as mães diziam “se não obedecer a velha louca vem pegar”. As crianças a temiam os adultos a ela nada diziam.

Seus olhos castanhos, verdes, azuis e negros sempre estavam a observar... observar o céu quando era dia e quando anoitecia, se as estrelas brilhassem e mesmo quando chovia. Ela parecia nada sentir e com nada se importar, parecia perdida no tempo. Às vezes a ouviam cantar musicas que eram quase um lamento, mas nunca a viram chorar, nunca.

Essa velha que muitos chamavam de bruxa, mal amada e solitária, na verdade todos conhecem bem, já viram seu sorriso ainda moça e o brilho inocente em seus olhos infantis, também já viram a amargura tomar conta de seu coração, não só pelas coisas do mundo que ela viu, e sim pelo modo de ela ver as coisas do mundo.

Ela já há muito com a alma adoentada esperando uma luz no infinito não se encontra nesse momento, ela mora no futuro, em um dos caminhos dos destinos compartilhados, esse caminho pode ser tortuoso, mas para muitos é o que mais se encaixa. Eu a respeito, para mim ela não é uma velha louca, e sim, apenas a senhora dos sonhos despedaçados.

Eliane Verica
Enviado por Eliane Verica em 07/07/2012
Código do texto: T3765293
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