Nos escombros da paz

Certa vez sob o domínio de uma criatura impetuosa que de todo mal tentava me impressionar, me vi encarcerada, pensava estar num pesadelo, não entendia como lá fui parar, até que sucumbi, desmaiei, o amor que eu sentia estava ferido, eu me rendi a culpa de ter errado tanto, mas não fui ouvida... Então fui desprezada, dispensada, saí sem rumo, andava pelos vastos caminhos de uma floresta ardilosa, ouvia sons meticulosos de bichos peçonhentos, quando a meu encalço colocou-se a criatura novamente à minha frente. Suas palavras sádicas ficavam trintrilando em meus ouvidos, soprando o hálito acido das suas frases mórbidas, tão inesperado como me servirem um café amargo, ele destilava os venenos de sua ira, me seduzindo com seu prazer sórdido, como um algoz que não se cansa de torturar, julgava o desamor que eu não tinha, traumatizando meus nervos, enchendo de cólera meus poros, já exalando a minha tétrica necessidade de driblar seus prazeres em açoitar meus sentimentos.... Me tornei mais fria, não podia continuar amando-o, como podia amar alguém que trocou o prazer de amar pelo de magoar?

Consegui ignorar suas investidas em fisgar minha ira contra ele e fugidia e escombrada me camuflei nas plumas brancas da minha aura, invoquei pra mim uma luz pura, pedi proteção para não derrapar em maus pensamentos, me inspirei no amor que tinha a mim mesma para conseguir me equilibrar. Finalmente, escapei com vida, mas o coração ardia de desgosto, uma tristeza profunda se abatera sobre mim, pelo jugo de seu ódio, mas esperançosa como sempre fui, segui, hei de ficar curada!

Pensara ele que eu iria me render e entrar em combate e fraco foi em não imaginar que eu não me defenderia. Deixei-o na estrada de uma floresta limunosa e segui a correnteza das águas límpidas pois sabia que ali ele não iria querer penetrar.

Pobre errante que escolheu a areia movediça do ódio para se afundar! Mal sabia ele que só o perdão seria capaz de fazer-lhe o sol brilhar.