Um verdadeiro presente.
Dona Raquel, coordenadora de um grupo que distribuía alimentos a pessoas carentes nos arredores da cidade, naquele inverno frio fez questão de vestir-se em harmonia com a vestimenta pobre das pessoas a quem socorria. Percebendo essa situação, Isabel, uma garotinha de sete anos, certo dia, quis saber se ela não possuía um casaco. Pisando em ovos, dona Raquel apenas concordou. "Então você é mais pobre que eu?", concluiu a pequena, fazendo referência a um velho e surrado casaco de flanela que usava todos os dias. Foi preciso muita conversa para deixar as coisas nos devidos lugares, pscicologicamente falando.
No Natal, Dona Raquel levou pequenos presentes para todos e ao se preparar para ir embora foi surpreendida por Isabel que lhe estendeu um embrulho... feito com o papel de seu próprio presente. "O que é isso minha princesa?", perguntou-lhe a benfeitora. "Isso é o meu presente para você. É prá você não sentir mais frio quando vier trazer comida prá nós.". Isso mesmo! Era o velho casaco. Comovida, mas sem saber como dissuadir a menina, ainda tentou chantagear-lhe o emocional: "Mas esse é o casaco que você mais gosta... É o que você veste todos os dias... Porque você não me dá outro..." (queria sugerir outra coisa, mas a agilidade da garota não deixou completar seu raciocínio). "Não posso: eu só tenho este!". Emudecida, dona Raquel cobriu os olhos com o casaco, fingindo não estar chorando...