DESAPARECIDOS
Velório grandioso, muita gente, muitas flores, muito choro... ele era um bom cidadão. Tinha um trabalho digno, cumpria seus deveres cívicos, era voluntário em uma escola, doador de sangue. Todas as manhãs tomava café na mesma lanchonete, almoçava no mesmo restaurante, falava “por favor”, “com licença”, “obrigado” e comia uma criança no jantar, centenas de desaparecidos. Depois tomava um copo de leite e deitava sua cabeça no travesseiro com a consciência limpa, satisfeito... ele era um bom homem.