O equilibrista

É riso – descomprometido; e os lábios curvam-se para apresentar os dentes: amarelados e lascados. Mas o de quem caminha a pé. Ele é o mesmo: soma-se o passado aos porquês; e se sente letárgico (o alheio é subterfúgio para mergulhar densamente no mundo; e ele escutava qualquer filha-da-putice). O circo havia chegado à cidade. E ia indo em círculo quando encontrou a equilibrista; e pensou que era impossível o equilíbrio. Sob a lona azul o circo é um conjunto de instantes. O escritor estava aposentado pois o que escrevia era do tempo que não sabia escrever; e apagou tudo, o que restou foram espectros de lembranças e de sonhos. Ele não é o mesmo: tornou-se equilibrista.

Gabriel Furquim
Enviado por Gabriel Furquim em 21/05/2012
Código do texto: T3680101
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