Estorvo

Nunca fui peão de desencaminhar tarefa por conta de perrengue. Pasto meu é no capricho, gado sadio, cafezal singelo mas bonito de ver. Falar, o povo fala da gente mesmo, que é invição, mas o certo é que menino meu nunca estendeu a mão pra nada. Tudo estudou e aprendeu a lida. Às vezes ainda caça a patroa, rabeia, porque quem faz caso mesmo é ela. Arrumei um caroço que vinha me desacoçoando, começou a estorvar o serviço, danando de ficar capenga. Voltei do doutor e meti a bunda na rede, bebendo uma caneca de café e proseando mais eu na calada dos grilos. Domingo matei um capado, mandei os meninos chegarem e conheci cada um depois de velho.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 07/05/2012
Código do texto: T3654993
Classificação de conteúdo: seguro