ENQUANTO OUVIA TURANDOT




 
Apaguei o último cigarro da noite sem vontade de dormir. Ouvia minha ária preferida. Logo nos primeiros acordes, a lembrança: já havia passado tanto tempo assim?  Dois anos antes eu o encontrara por acaso no Teatro Municipal. A conversa girou em torno da paixão pela ópera. E, então, sem rodeios, ele disse que iria embora do país no dia seguinte. Tentei disfarçar a tristeza. Nossa separação havia sido amigável. Sempre fomos tão civilizados. No entanto não havia o menor vestígio de elegância nas feridas que teimavam em não cicatrizar.
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 24/04/2012
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