LÁGRIMAS PÓSTUMAS
REPRESADO
Ninguém nunca o via chorar. Sustentava a seco a fama de durão. Lágrimas nem mesmo quando a esposa faleceu. Acompanhou velório e sepultamento sem verter uma gota de sua dor.
Foi o último a deixar o cemitério.
Mal cruzou os portões, começou a chover.
Chuva abençoada, que deslizava veloz pelo rosto desconsolado.
De carona, o pranto.
* * *
DERRETIDAS
Em seu velório, poucos compareceram. Ninguém para chorar. As velas, solidárias, derramavam lágrimas de cera.
[gORj]
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