Não há lugar como o lar
Era muito difícil acreditar que houvesse conseguido chegar em casa. O percurso, sempre tranquilo, fora tão cheio de percalços, tão massacrante, que sentia como se cada passo o deixasse mais perto de desmontar ali mesmo, no chão.
Entrou sem fazer qualquer ruído, deixando uma trilha de pegadas de sangue grudento atrás de si. As crianças já deviam estar mais do que adormecidas e, mesmo querendo dar uma passadinha no quarto delas, reconheceu que havia limites que não podiam ser superados apenas com força de vontade.
Exigindo o máximo de suas energias, arrastou-se até a sua cama e deu-se por satisfeito por estar, enfim, em casa.
Pela manhã, os meninos acordariam e o procurariam, como sempre.
E a mãe daria a terrível notícia:
— O Totó morreu.