Balada
É verdade que ela estava rodeada de pessoas, muitas. Quis dizer que se e não disse nada. E deu de cara com os olhos dele, sorrindo. Ela continuou sem dizer nada. Estava anestesiada. Bebeu demais, talvez. As pessoas despiam-se. No entanto trajavam-se de vermelho. As paredes eram vermelhas, as cortinas brancas. O bar servia vodca, tequila, e tinha por enfeite maças verdes. E o vento batia nas cortinas ou as pessoas batiam suas pélvis em outras as apoiando na parede. Tudo tremia, girava, era uma imensa confusão. As pessoas, os objetos. O certo era o copo com gelo e o tesão que se resolve metendo. Levou-o ao banheiro e brilharam. Ela se interessava pelas putas, putos, santos, santas, pessoas desmedidas, porque a destemperança era o que havia de sanidade. Elas não eram cínicas nem julgavam as outras pessoas. Hoje quando acordou havia aquele gosto de você sabe o quê. E disse que se foda.