Esperança

“Os homens verdadeiramente grandes, a meu ver,

Devem experimentar uma tristeza no mundo” Dostoiévski

Era conhecida por todo o bairro como a mulher de trato fácil. Quase macho em seu pragmatismo libidinoso, divino, recebia plantonistas ávidos, casados, quentes no corpo e frios nos modos, quase inorgânicos. Desde o divórcio, dividia a casa de fundos apenas com o cão. Todas as noites, retornava as pedras atiradas por esposas, mariposas como ela, vítimas do próprio desleixo existencial. Enganada e comovida, tentava não acreditar nas promessas ébrias e etéreas que suportava no calor dos corpos mas aquele sábado foi diferente. O marido da D.Glória lhe esqueceu a escova de dentes como prova de lealdade.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 04/04/2012
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