JARDINS DO ESTIO

Estou escrevendo direto dos Jardins do Estio, confortavelmente sentado à sombra da copa frondosa de uma figueira secular, de onde o Profeta Maomé recebeu sua iluminação após, em sonhos, visitar – uma à uma - todas as mansões de Allah.

Tomo o meu chá e pondero sobre o dia em que a estrela chamada Absinto cair sobre os cursos d’água de toda Europa e se propagar vertiginosamente por todo lugar como nossa amada malha rodo-ferroviária, até o Coração da Existência.

O dia está deveras aprazível e estamos perto do crepúsculo. As aias da princesa Thang Jher Yimne deixam momentaneamente a corte em companhia de anjos loucos e crianças que dançam estranha dança, qual moléstia nervosa ou dança de São Guido, para banharem-se nas Fontes Doces dos Jardins do Estio.

Eles, assim como eu, aproveitam nos últimos instantes da jornada solar diária, as águas mornas e o calor do Sol vermelho de Krypton e seu poente de caramelo!

Quem foi o tolo que inventou as feiras ? Segundas, terças... todas as feiras. Se podemos transgredir os calendários, mãos à obra...o meu alegre e jovem coração, indomável e selvagem, tem a fúria da urbe ensandecida e faminta de novas emoções! Açoito o ventre de meu puro sangue que tem o fogo azul da fantasia nos cascos de prata e levanto o pó cinzento do deserto do tédio e da melancolia. Atravesso campos verdes e planícies maravilhosas sob céus roxos de psicodelia com miríades de encantamentos e fantasias.

Além de muito longe, destes domínios cinzas da civilização castradora e opressiva, existe um lindo trigal. O vento penteia os campos como a mão de um apaixonado fidalgo a correr a dourada cabeleira de sua pequena sob a frondosa copa das macieiras douradas do pomar das Hespérides. O que me importa se as casa são de madeira norueguesa, se me sento à sombra da figueira centenária e espero o doce e cálido beijo úmido da Fada Verde. Jogo o Xadrez com o bardo sem tirar os olhos do imponente castelo local. Há bosques que nos cedem o que há de melhor. Por que destruí-los? Há povos que nunca nos incomodarão. Para que combatê-los? Há terra de sobra para nossa população. Pra que tomar a dos outros?

Vede os cavalos selvagens singrarem as colinas verdes. Tão belos e tão belo de se ver. Por que confiná-los?

Dentro da nave principal há uma Rainha. Ela está cercada de lindas aias - louras, morenas e ruivas; também é servida por muitos mandarins orientais eficientes e prontos. Ela tem ótimos cozinheiros e bardos. Criativos e imaginativos; além dos bufões mais engraçados de toda a Terra. Há toda a sorte de máquinas e inventos para facilitar a vida palaciana... Mas ela se sente triste. Pois nunca mais olhará seus cavalos selvagens correr as colinas de seu Reino...

Jack Danger
Enviado por Jack Danger em 22/03/2012
Código do texto: T3569225
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.