ENCICLOPÉDIAS

Naquele galpão, acumulavam-se enciclopédias, milhares delas.

De onde vinham?

- A maioria vem de doações, respondeu o velho bibliotecário, dono do galpão. - Depois que inventaram a internet, ou melhor, o tal do Google, ninguém mais se interessa por coleções enciclopédicas.

Uma buzina chamou lá fora. Saímos. Em frente ao galpão, uma camionete estacionava; na caçamba, mais enciclopédias.

O velho ainda comentou:

- Em casa, esses grossos volumes ocupam espaço, juntam poeira. Jogar no lixo, para alguns, traria remorso. Então, trazem para cá.

O motorista entregou-lhe a caixa com as enciclopédias, e partiu.

Também fui embora.

Passaram-se meses. Soube que aquele galpão acabou-se no fogo; o velho consumindo-se junto com as suas queridas e sábias companheiras.

Fui lá e só vi ruína. Um monte de cinzas e fumaça. Nem tudo, porém, se perdera: algumas enciclopédias conseguiram se salvar. Do fogo. Um caminhão de lixo as recolhia.

[gORj]