Olhos Cor de Mar
Perdida entre a angústia e a decepção diante da atitude do ser humano decidiu que deveria cerrar as portas do coração.
Caminhou algumas quadras com a idéia fixa na cabeça, até se deparar com uma criança cadeirante que se esforçava para permanecer sentada.
- Quanto sofrimento meu Deus! - pensou.
Por segundos se ateve no semblante da pequena, que deveria ter no máximo cinco anos.
Apesar das limitações impostas pela vida a menina descortinava um par de olhos de esmeraldas brilhando feito jóia rara adornados por um sorriso de acordar a alma.
Aproximou-se, queria tocar, abraçar , compartilhar o amor, dar o alento e a palavra amiga.
O tempo impediu.
Ao se dar conta a menina desaparecera na multidão.
A emoção despertou em sua alma a mais linda sinfonia da solidariedade quando os olhos cor de mar e o sorriso branco feito as maçãs de algodão impregnaram seu coração até desmoronar por completo as travas da porta da indiferença.
(Ana Stoppa)