MIRAGEM
O coração era um deserto sem fim; sentimentos nômades migravam de ansiedades a desesperanças. A consciência vacilante fez-lhe imaginar-se em aragem à sombra aprazível, sob a qual, estendido numa rede, deixava-se embalar ao cadenciar de delírios. Logo, porém, recobrada a noção e os sentidos, percebeu-se ressurreto de mais uma de suas tempestades de ilusão. O coração confundido segue árido como antes, um imenso deserto.