MANGA ROSA
Quando escutou o apito que vinha da fábrica da esquina, ela se preocupou em ajeitar os cabelos e abrir rapidamente a janela principal da sala. Era certo que dentro dos próximos minutos ele sairia do trabalho e passaria em frente a sua casa.
Da cozinha, um agradável cheiro de comida caseira exalava para a rua. Esmerou-se temperando o feijão com tenras folhas de manjericão. Esperançada estava que a inovação culinária lhe presenteasse com um minuto do olhar daquele cavalheiro desconhecido.
Ele, caminhando distraído pela calçada, se deteve imediatamente ao sentir o singular aroma. Olhou para trás e a viu apoiada no batente da janela.
- Conheço esse suave, doce e inebriante olor. - Lhe disse devolvendo-se até a moça.
- É verde, é manjericão. - Respondeu com um olhar esquivo.
- É amarela, é manga rosa. - Retrucou dando um grande sorriso.
Tinha preparado suco de manga, e por sorte, sujou o vestido com a fruta preferida do moço.