Tentativas
Chegou como quem não queria nada. Abriu seu sorriso largo e pediu uma coca-cola. Sentou-se em frente ao mar, nas mesinhas da barraca de praia. Ela fingiu que não viu, mas ele sabia que ela o havia notado assim que chegou. Esperou tranquilamente que o olhar dele cruzasse com o seu e sorriu o sorriso mais sedutor que tinha, na certeza que ela sorriria também. Mas ela não sorriu... levantou-se devagar, guardou suas coisas na bolsa de palha e saiu, sem olhar para trás. Ele ainda tentou acenar quando ela despediu-se dos amigos e se afastou pela orla, caminhando devagar pela areia. Quis segui-la, mas achou que não devia. Sentiu o peito apertado, ao ser mais uma vez ignorado por ela. Já fazia uma semana que a tentativa era a mesma e ela não perdoava. Deixou a coca de lado e pediu a primeira cerveja. Afinal, manter-se sóbrio pra que, se ela não lhe perdoava?
A brisa da madrugada bateu de leve no seu rosto avisando que era hora de ir pra casa. Casa, que casa? Já nem se lembrava mais de onde viera. Foi então que lembrou-se de que havia de novo, perdido tudo que um dia tivera.