Bandini

(Silêncio).

J.: Por que você me chamou pra andar de bicicleta, se não fala nada? Vai ficar quieta o caminho inteiro, Bandini? (reclamou, arqueando as sobrancelhas).

J.: Não vai me responder?

J.: Sabe, você é doida, tem língua, mas não fala, o que há?

(ele esperou).

J.: Então?

(ela sorriu e continuou pedalando).

J.: Às vezes eu me sinto um lerdo perto de você, me faz de bobo. Agora ri de mim.

J.: Eu não lhe entendo, o que custa me responder?

J.: Sabe, tenho vontade de abrir você, como numa autópsia, acho que seria a única forma de realmente te conhecer.

(ele olhou de lado, mas ela continuava em silêncio).

J.: Deixa pra lá...

(ele pedalava mais devagar, quase freando, quase querendo ir pra casa).

(Bandini gostava de vê-lo andar de bicicleta, de quando ele tentava chamar a atenção dela e achava que não conseguia, gostava principalmente quando ele tirava as mãos do guidom e fechava os olhos, minutos antes de cair. Gostava dele, mas não ia falar nada).

Bruna Morgan
Enviado por Bruna Morgan em 04/12/2011
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